Sempre considerei a minha vida de
trabalho como altamente satisfatória. Trabalhava muito, muitas horas seguidas e
da forma activa que sempre me caracterizou, até aos dias de hoje. Apesar disso,
sentia-me bem, gostava do que fazia, tentava sempre realizá-lo da forma mais
eficaz e conseguia-o. É verdade, não é falsa modéstia, tratava-se de um
empenhamento real, verdadeiro.
Ao longo da minha actividade considerava
como o fim natural, terminar a minha vida a trabalhar, a fazer aquilo de que
gostava.
Mas não quis que assim fosse quem
mandava na altura. E apesar da minha resiliência houve uma altura em que, com
muita pena, percebi que o melhor para mim seria desistir, para assim conseguir
manter a minha capacidade emocional e a minha saúde mental.
Um dia, há cerca de seis anos e ainda
com muito para dar àquilo que me norteou durante quase quarenta anos, pus termo
à minha actividade profissional. Poderia tê-lo feito satisfeita pela sensação do
dever cumprido, mas não, vim com a insatisfação causada pela incapacidade de
lutar contra o sistema implantado que se me impunha de forma intransigente e me
impedia de contribuir para o avanço e melhoria do meu País.
Digo que foi com muita pena e zangada
com a forma como as coisas se processam neste cantinho à beira-mar plantado,
que deixei a minha contribuição para o meu País e me tornei mais uma
aposentada.
Hoje, passados quase seis anos,
sinto-me bem apesar da mágoa que mantenho. Esta situação tem-me permitido
dedicar-me a outros gostos da minha vida e realizá-los da forma que considero a
melhor para mim e para os meus.
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