OS MEUS INTERESSES

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terça-feira, 24 de março de 2015

EU NÃO TE CONHECIA


Não te conhecia, pois não.
Viveste sob o meu tecto, usufruíste dos meus cuidados ao longo de quase dez anos e não te conhecia.
És do meu sangue, não és minha filha mas é como se o fosses, e não te conhecia.
Ao longo do tempo vi-te crescer, apercebi-me que cresceste em altura, que cresceste enquanto pessoa, que cresceste e te tornaste uma mulher, mas não te conhecia.
É sabido que as pessoas carregam ao longo da sua vida uma carga, pesada para uns, mais leve para outros. Eu sabia que assim se passava também contigo. Eu sabia que um dia irias voltar as costas e sair por aquela porta, sem qualquer pensamento, sem qualquer remorso em relação àqueles que deixaste para trás. Mas nunca pude imaginar que fosse assim, com uma frieza total, sem olhar para trás. Mas eu não te conhecia.
Sabia que isto aconteceria, por aquilo que de ti compreendia, sabia que tu querias voar sozinha, já mo tinhas dito, mas a forma como o fizeste não foi a melhor, pelo menos para mim, para nós, deve ter sido a melhor para ti. Espero que sim. Mas eu não te conhecia.

E o que posso desejar, enquanto penso nisto tudo, é que consigas chegar aonde queres, tão longe quanto as tuas asas te permitirem. Sinceramente que sim. Não à minha maneira, mas à tua. E penso, penso, e chego à conclusão que se tivesse a oportunidade de voltar atrás, faria tudo da mesma maneira, a que considerava que fosse a melhor para ti. Mas eu não te conhecia.